25/10/2012
Primeiro filme sobre a morte de Bin Laden estreia a dias das eleições
Poderá um filme ajudar a determinar o resultado de umas eleições? Se estivermos a falar numa longa metragem sobre a operação no Paquistão que em Maio de 2011 acabou na morte de Osama bin Laden (e em que o Presidente Barack Obama assume especial destaque), talvez sim. Ainda mais se estrear na televisão, em horário nobre, em vésperas das presidenciais norte-americanas.
Na noite de 4 de Novembro, a dois dias das eleições de dia 6, que o actual Presidente disputa com o republicano Mitt Romney, o canal National Geographic transmite, em estreia, o filme SEAL Team 6: The Raid on Osama bin Laden. São 90 minutos sobre a operação da Equipa Seis das forças de elite norte-americanas SEAL (do inglês mar, ar e terra) em Abbottabad, no Paquistão, que levou à morte do então inimigo “número um” dos Estados Unidos.
Tanto o realizador, John Stockwell, como a direcção do canal televisivo insistem que a longa metragem não serve interesses políticos. Mas SEAL Team 6: The Raid on Osama bin Ladenestá a ser visto como “o grande anúncio” da campanha de Obama para as presidenciais de 2012. A dois dias das eleições, Obama entrará pelos pequenos ecrãs dos norte-americanos como a personagem principal de um filme sobre aquele que é tido como um dos maiores feitos da sua administração.
O que aconteceu em Maio, no festival de Cannes, ajuda a perceber porquê. Harvey Weinstein, produtor e financiador de longa data do Partido Democrata e apoiante assumido da campanha de Obama, comprou os direitos do filme por 2,5 milhões de dólares (1,9 milhões de euros).
Mas há mais: depois de ter tido acesso a materiais promocionais e a uma cópia do filme, oNew York Times escreveu esta semana que o filme foi reeditado de forma a “dar força ao papel de Obama”. Segundo o diário norte-americano, que entrevistou Stockwell e Weinstein, várias das cenas com o Presidente que não faziam parte da versão inicial foram adicionadas por sugestão de Weinstein.
Realizador e televisão negam significado político
Ainda assim, num artigo publicado no Huffington Post, Stockwell argumenta que o filme não teve sequer origem política: o produtor, Nicolas Chartier (o mesmo de Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow) é “francês e apolítico”, sublinha.
A preocupação de Weinstein durante a edição do documentário era a “veracidade e a honestidade” da representação da comunidade militar e dos serviços secretos, afirma o realizador. “Nunca discutimos política.”
Também o National Geographic nega que a escolha da data para a estreia seja um golpe político. “Não ignorámos a proximidade das eleições mas achamos que o assunto da Equipa Seis dos SEAL, da CIA em geral e da segurança nacional interessa aos nossos espectadores”, disse o director executivo David Lyle, ouvido pela agência Reuters. “[O filme] é mesmo sobre os SEAL e a caça [a Bin Laden] e o resultado final. Se alguém vir a antestreia vai perceber que o lado político é muito leve, de facto.”
Um argumento pouco convincente quando se espreita a grelha de programação do canal norte-americano para esse fim-de-semana, dominada por documentários e investigações sobre o 11 de Setembro e onde não falha a entrevista de George W. Bush sobre os atentados às Torres Gémeas.
Notícia retirada de: www.publico.pt
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